Crítica: Encounter (2021)

Neste esperto e traiçoeiro thriller Encounter (UK/EUA, 2021, 108 min.), o ex-fuzileiro naval Malik (o ótimo Riz Ahmed, de O Som do Silêncio e Venom), transforma uma repentina viagem de carro com seus dois filhos em um elaborado jogo. Mas como ele relutantemente revela para os meninos em um dado momento, a sobrevivência de todos eles depende de disciplina e obediência às regras; regras criadas para protegê-los de uma ameaça alienígena. A humanidade, diz Malik, está sendo ameaçada por uma praga invisível (que não é a COVID).

O propulsivo e emocionalmente significante novo filme do diretor Michael Pearce (do ótimo Beast, 2017), é maior em escala e escopo que seu longa anterior, mas também brinca de maneira hábil com a confiança e simpatia do público. Se Beast foi um atraente cartão de visita, Encounter confirma Pearce como um talento considerável. Trata-se também de uma confirmação da habilidade do roteirista Joe Barton (que divide os créditos do roteiro com Pearce), e cujos créditos incluem o ótimo folk horror O Ritual (2017).

Riz Ahmed, Lucian-River Chauhan e Aditya Geddada em ENCOUNTER (2021)

Voltando ao nosso protagonista, Malik está tentando proteger seus filhos de uma praga de micro-organismos extraterrestres, trazidos para a Terra por uma chuva de meteoros. A tal praga pode entrar na corrente sanguínea de uma criatura hospedeira, que pode ir desde insetos até seres-humanos, e provocar mudanças comportamentais. O fato das autoridades permanecerem estranhamente quietas com relação ao perigo é uma evidência da extensão de onde a “epidemia” já se encontra. Como Malik pacientemente explica a seus garotos, Jay (Lucian-River Chauhan) e Bobby (Aditya Geddada), metade da população mundial já deve estar infectada.

Ahmed, que vem de uma merecida indicação ao Oscar de Melhor Ator na última cerimônia da Academia, entrega mais uma performance complexa e furiosamente inteligente. Porém aqui, ele é acompanhado por um surpreendente jovem talento. Os dois garotos que interpretam os filhos de Malik são ótimos, mas Chauhan, que interpreta Jay, o mais velho, entrega uma atuação silenciosamente notável. Trata-se de um personagem crucial, já que é através de Jay que o público precisa negociar uma revelação-chave da trama, que muda a dinâmica entre quem realmente está cuidando de quem ao longo da viagem. “Você não é mais um garoto”, diz o seu pai. “Você não pode ser, eu preciso de você.”

É claro que Jay logo precisa assumir tremendas responsabilidades ao longo do caminho, e o que inicialmente parece ser apenas mais um thriller com pinceladas de ficção-científica, evolui para algo muito mais profundo e interessante. O filme mergulha na complexa relação entre um pai ausente e os filhos que o conhecem apenas pelos notáveis feitos em sua ficha militar, mas que ainda estão realmente descobrindo quem ele é, como homem.

As contribuições de uma equipe técnica de primeira classe também ajudam a adicionar textura à produção. A generosa fotografia em widescreen de Benjamin Kracun (do recente Bela Vingança) é incrivelmente bonita, mas ao mesmo tempo, à medida em que o pai e seus garotos adentram um arruinado assentamento industrial abandonado, se torna ameaçadora e desconcertante. O score a cargo de Jed Kurzel (O Babadook e Operação Overlord), e o design de som também são muito acima da média, possibilitando que a história se desenrole enquanto elementos de som sejam muito bem incorporados à história, desde o zumbido de frequências astrais até o tilintar de pequenos insetos. Orquestrando tudo isso, o diretor Pearce sustenta seu Encounter equilibrando bons níveis de tensão e ternura, especialmente quando o filme gira 360° em uma bem executada mudança de tom e quase derruba o espectador da cadeira.

Avaliação: 2.5 de 5.

Encounter estreia no catálogo da Amazon Prime no dia 10 de dezembro.

O Trailer Oficial de ENCOUNTER (2021)

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