Crítica: In a Violent Nature (2024)

Indo direto ao ponto: você nunca viu um filme de terror como este In a Violent Nature (CAN, 2024, 94 min). O filme do diretor e roteirista Chris Nash até compartilha da energia maluca de outros filmes de horror recentes, como por exemplo o hit argentino O Mal Que Nos Habita, mas sua abordagem única e suas mortes cabulosas o colocam em uma categoria só dele. Ainda que 2023 tenha sido um bom ano para o horror nos festivais, com filmes como Birth/Rebirth e Fale Comigo deixando suas marcas muito depois de suas exibições em Sundance, 2024 já surge com força com este In a Violent Nature.

O filme tem início com uma tomada estendida de um pingente pendurado em um cano de esgoto há muito consumido pela ferrugem, no meio de uma estrutura arruinada no meio da floresta. Trata-se da pacífica calmaria antes da tempestade sangrenta que se aproxima. Nós ouvimos vozes balbuciando algo, até que uma mão surge em cena e agarra o pingente. Grande erro. As vozes se vão, e um ruído começa a rugir cada vez mais alto sob o solo, até que algo surge lá de baixo. Trata-se de Johnny (Ry Barrett), uma verdadeira máquina de matar que foi despertada, e que agora está prestes a destroçar os infelizes que cruzarem o seu caminho.

IN A VIOLENT NATURE (2024) – Dir. Chris Nash

Assim como o famigerado Jason da franquia Sexta-Feira 13, só que ainda mais maldoso e inteligente, Johnny vaga metodicamente pela área remota, acumulando armas que logo ele colocará em uso. Seus alvos principais acabam sendo, é claro, um grupo de adolescentes cheios de tesão e bebida no organismo, cujo passeio logo se transformará em um implacável pesadelo.

Caso ainda não esteja claro, In a Violent Nature é um slasher quase no sentido clássico da palavra. Tudo transcorre como o esperado, com referências e homenagens que vão de Halloween até Dia dos Namorados Macabro até O Massacre da Serra-Elétrica, mas com alguns tropeços na reta final. O que segura todo o conjunto é o comprometimento de Nash a uma abordagem aterrorizantemente efetiva e formal, na qual estamos quase sempre acompanhando o próprio assassino. Não é sobre o material em si, mas sim o método com o qual ele é transmitido. Tirando alguns diálogos desajeitados usados só para preencher as lacunas, o público está sempre na companhia de Johnny enquanto ele toca o terror.

E pensa num terror que ele toca! As mortes em In a Violent Nature são algumas das mais insanas, sangrentas e brutais que o cinema já ofereceu. Este é o tipo de filme onde pensamentos como “acho que eu nunca vi uma cabeça decapitada fazer isso antes” passa por nossa mente, em espanto e terror. Muito do que é visto no filme de Nash poderia parecer descartável apenas ao se ler a sinopse, mas é a abordagem visceral que alça o patamar da produção. Quando você pensa que o filme esgotou suas ideias para obliterar os personagens, ele se supera novamente com espantoso estilo.

Há uma boa chance do filme se tornar cansativo para aqueles menos interessados em horror hiper-violento, onde o gore é o principal atrativo. No entanto, para aqueles que estão procurando por algo que realmente leva sua premissa e execução ao limite, este será um prato suculento. A narrativa pode não trazer nada de novo, mas o restante do filme nunca fica devendo em momentos que chegam ao máximo de seu potencial.

Uma das personagens, Kris (Andrea Pavlovic), surge como uma espécie de protagonista, e possui boa presença em cena, apesar de ser uma exceção, já que praticamente todo mundo que aparece é morto em seguida. Há momentos onde o filme mostra mais moderação, como um assassinato na água onde a tensão está na agonia de não saber o exato momento em que Johnny vai atacar. Quando ele ataca, o mais arrepiante está no quão rápido e silencioso ele é, tirando alguns gritos que são engolidos pelos sons da natureza que ecoam pela floresta. Nash sabe quando ser bombástico e quando equilibrar tudo com um toque mais leve. O filme é maliciosamente engraçado em alguns momentos, mas nunca menos aterrorizante por causa disso. O belo cenário natural se transforma em um território de caça onde ninguém está a salvo por muito tempo.

Apesar da conclusão ser menos confiante do que tudo que a antecede, demonstrando uma certa falta de paciência e excesso de exposição, o resultado final é fascinante. As cenas finais deixam uma persistente sensação de pavor, e fazem de Johnny um personagem tão assustador e carismático quanto seus pares mais imediatos espalhados pelas décadas dentro do gênero. Quando nós finalmente vemos seu rosto, ele nunca sorri para seu close-up, ao contrário do espectador, que passa o filme todo rindo de nervoso com este exercício slasher deliciosamente brutal. É melhor o Jason abrir o olho… tem gente nova no pedaço.

Avaliação: 3.5 de 5.

In a Violent Nature ainda não possui informação de lançamento em território brasileiro, mas deve receber em breve.

O Trailer Oficial de IN A VIOLENT NATURE (2024)

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