Crítica: A Freira 2 (The Nun II) | 2023

O fã de horror simplesmente adora o universo Invocação do Mal. Desde 2013, quando o primeiro filme da franquia foi lançado, os admiradores do universo compartilhado idealizado por James Wan aguardam ansiosamente pelo próximo e aterrorizante capítulo. Entre as sequências do filme original, Annabelles e Choronas, um dos personagens mais aterrorizantes e amados pelos fãs é o demônio Valak, carinhosamente conhecido como A Freira, que após dar as caras pela primeira vez em Invocação do Mal 2, ganhou seu próprio filme em 2018. E apesar do apelo visual do personagem mostrar-se bastante forte, o filme dirigido por Corin Hardy mostrou-se uma decepção.

Agora, cinco anos depois, o diretor Michael Chaves (do citado A Maldição da Chorona e Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio), retorna ao universo criado por Wan com este A Freira 2 (The Nun II, EUA, 2023, 110 min.), que surpreendentemente, não só é disparado o melhor filme do diretor, como também é infinitamente superior ao filme anterior, além de se colocar como um dos melhores exemplares do universo Invocação do Mal como um todo.

Bonnie Aarons em A FREIRA 2 (THE NUN II) | 2023

Nesta sequência, que se passa após os eventos do primeiro filme, uma força maligna poderosa assombra e causa danos sobrenaturais a todos que se envolvem com ela de alguma forma. Trata-se da mesma força maligna por trás dos acontecimentos do filme original, e agora, o mal começa a se espalhar por uma cidade da França, em 1956. Nesta mesma cidade, um padre foi violentamente assassinado, e a Irmã Irene (Taissa Farmiga), começa a investigar o assassinato. Durante o curso da investigação, Irene descobre que um demônio está por trás do crime — o mesmo demônio que a aterrorizou em forma de freira há alguns anos atrás — Valak (Bonnie Aarons), a quem ela mais uma vez precisará confrontar.

O roteiro do filme, a cargo de Ian Goldberg e Richard Naing (A Autópsia) e Akela Cooper (Maligno), explora de maneira oportuna a profundidade em torno da criatura que dá nome ao filme, e tal exploração faz uma interessante ponte com a maneira com que Ed e Lorraine Warren eventualmente enfrentam o ser maligno na franquia Invocação do Mal. No final do primeiro filme da Freira, é revelado que Maurice, também conhecido como “Frenchie”, foi possuído pelo demônio Valak. O exorcismo de Maurice é mostrado no vídeo exibido nos seminários de Ed e Lorraine vinte anos depois. Trata-se do mesmo exorcismo em que Lorraine vivencia as terríveis visões da morte de Ed, e tal relação entre as duas histórias é bem amarrada aqui.

Como comentei, A Freira 2 é infinitamente melhor do que o primeiro filme. É muito mais assustador e intenso. Enquanto que o primeiro é um tanto carregado demais, tanto na atmosfera quanto no folclore, esta sequência agrega o elemento da diversão à empreitada, e o público pode finalmente se divertir com sua aterrorizante vilã. O elenco é sólido e a atmosfera visual é sombria e sinistra. Sem exageros, o filme se estabelece como uma masterclass de som, iluminação, perspectiva e ritmo, onde o espectador acompanha tudo grudado na cadeira. Isso quando não está saltando da mesma a cada aparição de Valak.

Além do roteiro escrito a seis mãos ser uma tremenda melhoria em relação ao primeiro filme, parece que o próprio diretor Michael Chaves se refinou em seu ofício nos últimos anos. Seu trabalho é mais amplo, em escopo e qualidade, o que alinhado à boa história, se transforma em um produto muito mais assustador. Uma tendência interessante também é o fato de que no universo de Invocação do Mal, as sequências quase sempre são melhores que os originais. Invocação 2 é melhor que o primeiro; tanto Annabelle 2 e 3 são melhores que o Annabelle original, e agora, posso afirmar com certeza que o mesmo vale para os filmes da Freira.

Os personagens também são tratados com respeito e por consequência, todos são bem interpretados. Farmiga está visivelmente mais à vontade no papel da Irmã Irene, que finalmente ganha força e se torna uma força por si só. E é sempre um prazer mórbido observar Bonnie Aaarons sob a pesada maquiagem da Freira endemoniada. Resumindo, A Freira 2 é uma sequência de horror super sólida, que apesar de ainda carregar um pouco demais no folclore religioso, é repleto de diversão e sustos. O filme possui duas boas histórias que se entrelaçam em um terceiro ato fantástico, que perde só um pouquinho do foco em seus momentos finais. Porém, a cena extra no meio dos créditos faz tudo valer a pena. Sério, não saiam do cinema antes dos créditos finais.

Avaliação: 3 de 5.

A Freira 2 estreia nos cinemas brasileiros na próxima quinta-feira, dia 07 de setembro.

O Trailer Oficial de A FREIRA 2 (THE NUN II) | 2023

2 comentários sobre “Crítica: A Freira 2 (The Nun II) | 2023

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