Crítica: A Fuga (A Blast) | 2014

Decidi me aventurar sem maiores referências por esta produção grega, exibida na 38a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em 2014, quando sou surpreendido por uma ótima constatação: a de que a protagonista é a ótima atriz também grega Angeliki Papoulia, protagonista de duas das mais importantes produções do país: Alpes e Dente Canino, cujas críticas você também encontra aqui no Filmes do Kacic.

Mas minha alegria não foi totalmente correspondida, já que ao contrário das produções citadas, e já jogo também Miss Violence na mistura, A Fuga (A Blast, GRE/ALE/HOL/ITA/FRA, 2014, 83 min.), se revelou um filme em sua maior parte, decepcionante, ainda que seu pano de fundo seja extremamente relevante.

Angeliki Papoulia e Maria Filini em A FUGA (A BLAST) | 2014

No filme, Angeliki interpreta Maria, uma dona de casa, filha, irmã, esposa e mãe de três crianças, cujo caminho parecia estar selado junto ao destino destas pessoas que a rodeiam. No entanto, Angeliki coloca outros planos em ação, à medida que sua conturbada trajetória recente vai sendo aos poucos revelada.

Assim como as produções citadas no início do texto, A Fuga mantém o mesmo estilo de narrativa truncada que já virou marca registrada deste cinema que prima por sua pungência. E o filme dirigido e escrito pelo jovem Syllas Tzoumerkas tinha tudo para ser outro importante exemplar deste novo cinema grego, que não tem medo de bater de frente com os erros cometidos pelos governantes do país, que o levaram à bancarrota.

Como no recente Em Casa, que também foi exibido na 38a Mostra, A Fuga ataca o sistema econômico falido da Grécia, utilizando-se da história de uma dona de casa em estado de surto, que expõe as mazelas de sua vida conjugal e familiar, ao mesmo tempo em que o filme expõe a fragilidade financeira do país. Tudo parece estar interligado.

No entanto, Tzoumerkas desperdiça sua boa história e sua excelente protagonista em um filme completamente histriônico, que beira a esquizofrenia completa, exagerando demais em palavrões gratuitos, gritaria, agressões e sequências de sexo que depois de serem repetidas à exaustão, acabam cansando e irritando o espectador.

As cenas envolvendo a protagonista e sua irmã (Maria Filini) por exemplo, beiram o insuportável, já que toda bendita sequência envolvendo as duas são encharcadas de gritaria histérica e uso desinibido de palavrões, que são utilizados de maneira forçada e desnecessária.

Não deixa de ser admirável a coragem do diretor Tzoumerkas em utilizar sua obra para bater de frente com o rumo descontrolado de seu país. Mas seu A Fuga bem que poderia ter sido conduzido de maneira bem superior. De qualquer maneira, ao menos permanece com o espectador a importante mensagem do filme.

Avaliação: 2.5 de 5.

A Fuga está disponível no sistema de streaming Mubi.

O Trailer Oficial de A FUGA (A BLAST) | 2014

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