Crítica: Biosfera (Biosphere) | 2022

Um dos mais surpreendentes destaques do Festival de Toronto do ano passado, Biosfera (Biosphere, EUA, 2022, 106 min.) é o tipo de comédia estranha e ousadamente original que raramente surge ao alcance do público. Trata-se de um trabalho que pode colocar novamente o nome dos irmãos Duplass (Room 104, Jeff Que Vive em Casa) no mapa, graças ao seu brilhante roteiro co-escrito pela diretora Mel Eslyn e o protagonista, Mark Duplass (Creep I e II).

Biosfera conta a história de dois homens, possivelmente as duas últimas pessoas vivas do planeta Terra, enquanto vivem seus dias em uma biosfera fechada, ao mesmo tempo em que precisam encontrar uma maneira de salvar o futuro da humanidade. Se o título do filme remete àquela medonha comédia noventista protagonizada por Pauly Shore e Stephen Baldwin, não tema, porque o filme de Eslyn é algo muito mais inteligente e engraçado.

Mark Duplass e Sterling K. Brown em BIOSFERA (BIOSPHERE) | 2022

A reviravolta que acontece mais ou menos na metade do filme é provavelmente a coisa mais insana que você verá no cinema em muito tempo. Você pode pensar o que quiser sobre o que o filme realmente pode ser, e você estará errado. Biosfera lida com um tipo de conceito que soaria como algo completamente insensível, e que não conseguiria entregar o que sua proposta oferece, mas os inspiradíssimos Eslyn e Duplass conseguem ser incrivelmente bem sucedidos na empreitada, mesmo com todas as probabilidades estando contra eles.

Muito do sucesso do filme se resume às performances de Duplass e seu co-protagonista, o ótimo Sterling K. Brown (da série This is Us). Mesmo existindo uma inerente natureza absurda no que é pedido a eles, Duplass e Brown trabalham seus papéis de uma maneira totalmente séria, o que ajuda a vender o filme como uma legítima crítica aos temas que discute, ao invés de algo insensível com o propósito de apenas fazer humor.

Isso não quer dizer que o filme não seja muito engraçado, nem que seja fazendo seu público rir de maneira desconfortável. Biosfera oferece o perfeito equilíbrio entre o humor pastelão e algo genuinamente inspirador. Há algumas rotas óbvias que Eslyn e Duplass poderiam ter optado por seguir para criar piadas sobre a premissa, e ainda que eles sigam um pouco este caminho, eles também encontram humor em alguns dos locais mais improváveis.

O resultado é um filme que se estabelece como uma fascinante exploração de temas como masculinidade e humanidade. Trata-se de algo surpreendente e emocional, uma vez que o espectador se torna cada vez mais apegado aos personagens e se sente estranhamente tocado pela emocionante jornada que eles vivenciam ao longo da produção.

Para uma estreia na direção (como é o caso com Eslyn), trata-se de um feito surpreendente. É claro, ela é uma das principais produtoras a trabalhar com Duplass em seus filmes ao longo da última década, então não falta a ela experiência. Mesmo assim, a maneira com que ela mistura ficção-científica com humor é quase que genial.

É muito complicado falar sobre um filme como Biosfera sem levar seu público ao engano ou sem revelar a reviravolta que faz do filme algo tão sensacional, mas isso não muda o fato de que trata-se de uma das melhores comédias dos últimos anos. É quase um milagre que um filme desta natureza funcione tão bem, a ponto de ficar gravado na memória por um longo tempo após seus créditos finais terem rolado pela tela.

Avaliação: 3.5 de 5.

Biosfera estará disponível para download e em VOD no dia 07 de julho.

O Trailer Oficial de BIOSFERA (BIOSPHERE) | 2022

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