Crítica: From Black (2023)

Quando se produz um filme, é vital saber que tipo de história você está tentando contar. Minha história possui o suficiente para ser transformada em um longa-metragem? Minha história precisa de mais tempo para desenvolver seus personagens e seu mundo? Esta história precisa realmente ser um filme? Estas são apenas algumas das questões que um cineasta pode fazer a si mesmo antes de embarcar na empreitada de se produzir um filme. Não é uma tarefa fácil, obviamente, mas identificar o formato que ajudará a história da melhor maneira possível é vital, como mencionei anteriormente. Este From Black (EUA, 2023, 100 min.) é um novo filme de horror que pode ter feito as perguntas erradas.

O filme é dirigido pelo estreante em longas Thomas Marchese, e traz a bela Anna Camp (Histórias Cruzadas, A Escolha Perfeita) no papel da sofrida Cora, uma mãe tentando se livrar das drogas, e que vivenciou a pior coisa que uma mãe pode experimentar: a perda de um filho. No entanto, quando um homem misterioso se aproxima de Cora, com a oportunidade de ter seu filho de volta, Cora aproveita a chance sem pestanejar, sem saber que ela estará entrando em um mundo que irá exigir o máximo dela. À medida em que Cora se envolve cada vez mais fundo neste mundo sombrio, ela começa a perceber que o preço a pagar para ter seu filho de volta é impossivelmente alto.

Anna Camp em FROM BLACK (2023)

Nem é preciso dizer que alguns dos melhores filmes para se ver em uma sala de cinema são filmes de horror. Se o filme acerta na mosca e consegue atingir os nervos de cada membro do público, é como se a atmosfera se tornasse elétrica. Compartilhar este tipo de experiência é algo único para os fãs do gênero, contudo, para que algo desta magnitude aconteça, é preciso acertar em todos os quesitos da produção; história, roteiro, elenco, quesitos técnicos… cada um dos componentes da produção precisa funcionar no mais alto dos níveis.

From Black certamente TENTA ser este tipo de filme de horror. A produção também tenta ser mais do que apenas uma experiência assustadora, ao abordar temas psicológicos pesados como o luto, saúde mental, e como se recuperar de uma experiência traumática. Tudo soa muito bom no papel, uma vez que um filme conseguisse capturar tais elementos e trabalhá-los com efetividade, ao mesmo tempo em que fosse capaz de ser assustador, como o recente Sorria, por exemplo, o resultado definitivamente seria algo a ser lembrado. Infelizmente, From Black falha em quase tudo. Trata-se de um filme de terror sem sustos, implementos visuais ou atmosfera, que não entrega o que promete e cujo veredito é entediante, apesar das boas atuações do esforçado elenco (especialmente da boa protagonista) e da interessante proposta inicial, que segura bem os primeiros trinta minutos do filme.

Posso estar sendo excessivamente crítico, mas assistindo a este From Black, me lembrei de um outro filme de proposta semelhante, o excelente Vozes da Escuridão, produção irlandesa dirigida por Liam Gavin em 2016, onde uma mãe em luto também se dispõe a enfrentar o sobrenatural para ter seu filho de volta. Enquanto a lembrança do filme se segurava em minha mente, me veio também a constatação da enormidade de produções atuais cujo roteiro é terrivelmente decepcionante. Escrever um bom roteiro é uma arte. O diretor Marchese e seu co-roteirista Jessub Flower, falham em conjurar uma trama básica de pouco mais de 90 minutos, cujo destino agora é o porão dos catálogos de streaming e VOD, lotados de produções de mesmo nível de desapontamento.

Avaliação: 2 de 5.

From Black estará disponível para download à partir da próxima sexta-feira, dia 28 de abril.

O Trailer Oficial de FROM BLACK (2023)

7 comentários sobre “Crítica: From Black (2023)

  1. Realmente, a primeira impressão que fica é de um filme estilo A dark song. Porém, ao contrário do filme de 2016, que primou ao simular como magia poderia ser tentada no mundo real, From Black se perde. Na tentativa de não ser um filme “parado” ou “cansativo”, ele tenta resumir os rituais a simples palavras e poucos dias, ansioso para mostrar logo suas cenas de suspense.

    O resultado é realmente pífio: não há sustos, nem suspense. O roteiro fica trivial e quase não deixa curiosidade para assistir até o fim. Realmente decepcionante.

    Porém, ao contrário de você, achei a atuação da protagonista muito fraca. Suas cenas de choro e dor, que basicamente permeiam todo o longa, ao invés de exprimirem tristeza, luto ou medo, soam risíveis: Anna Camp ou parece estar rindo com ironia, ou parece estar em histeria! Talvez tenha se esquecido como atuar num suspense, uma vez que True Blood não exigia tanto da atriz.

    Ao terminar de assistir, a sensação é de tempo perdido. Enfim, um filme que não cumpre nenhuma função, fosse ela assustar ou apenas ser um bom passatempo.

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  2. Descordo em absolutamente tudo. A atuação da Anna está irretocável, o roteiro prende do início ao fim e a trama é extremamente bem desenvolvida.
    Sobre a ausência de sustos, não fez nenhuma falta. O desenrolar da história sem usar de artifícios inerentes aos filmes de horror fez com que ficasse ainda mais realista.
    Minha crítica seria em relação à forma que assume o “seeker”, poderia ser menos caricata e melhor trabalhada, mesmo assim, não desmerece em nada o excelente desfecho.

    Curtido por 1 pessoa

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