Crítica: Colheita Maldita (Children of the Corn) | 2023

Um dos primeiros filmes a sair no ingrato período da pandemia no começo de 2020, este Colheita Maldita (Children of the Corn, EUA, 2023, 92 min.), é a mais nova versão do clássico conto do mestre do horror Stephen King, aqui sob a direção do eficiente diretor e roteirista Kurt Wimmer (de filmes tão díspares quanto os ótimos Equilibrium, Código de Conduta e Os Reis da Rua, e os tenebrosos Ultravioleta e o remake de Caçadores de Emoção). O filme amargou três anos na prateleira devido à pandemia, até ser adquirido oficialmente pelo canal Shudder e pelo selo RLJE no início deste ano. Trata-se do décimo primeiro filme (entre sequências, reboots e remakes) da franquia iniciada no longínquo ano de 1984, com aquela que apesar dos defeitos, continua a melhor versão da história de King.

Colheita Maldita marca o primeiro filme de Wimmer na direção desde 2006. Já como roteirista, seu trabalho mais recente foi o mediano horror Feitiço, lançado em 2020 e atualmente disponível no catálogo da Netflix. Aqui, Wimmer está no comando total da produção, dirigindo e escrevendo uma versão que tem muito pouco a ver com a essência da história de King, e que cá entre nós, nunca deveria ter saído do papel.

Kate Moyer em COLHEITA MALDITA (CHILDREN OF THE CORN) | 2023

A adaptação de Wimmer não segue nenhuma continuidade dos filmes anteriores (não que houvesse muita coisa para seguir, afinal de contas), e tem início com o assassinato/sacrifício dos moradores adultos de uma pequena cidade do estado de Nebraska. Deste terrível cenário, surge a figura de Eden (Kate Moyer), uma menina de 12 anos de idade que recruta todas as outras crianças da cidade e dá início a um culto sanguinário, cujo alvo principal – além de qualquer um que se oponha à ela – é um grupo de políticos locais que querem se livrar dos milharais da região, que são de extrema importância para Eden e seus seguidores. Enquanto isso, a adolescente Boleyn (Elena Kampouris), está se preparando para deixar a cidade para estudar na universidade, mas devido às circunstâncias, acaba se tornando a adversária central do culto das crianças do milharal.

Como comentei anteriormente, este Colheita Maldita é o 11° exemplar da obra criada por Stephen King. É de longe a franquia mais longa originada de qualquer material vindo do mestre do horror. E ao longo dos anos e sequências, a reputação da franquia no cinema (que já não era grande coisa), foi sendo cada vez mais manchada, devido ao nível cada vez mais lamentável das continuações. Alguém poderia esperar que algum estúdio, como por exemplo a Blumhouse, poderia tentar reverter esta onda de filmes ruins com um reboot que respeitasse o material fonte ao mesmo tempo em que injetaria vida nova no material. Este Colheita Maldita não é esse filme, infelizmente.

Para piorar, o filme de Wimmer é um produto de seu tempo. A agenda woke empesteia a obra por todos os lados. A sinistra figura do antagonista Isaac é trocada por uma menina que simplesmente não convence, e é claro que a personagem principal também teria que ser uma mocinha inimiga do tal do patriarcado, enquanto que bons atores como Callan Mulvey (Batman V. Superman) e Bruce Spence (franquia Mad Max) são desperdiçados sem dó nem piedade.

A única coisa que diferencia um pouco este exemplar do restante da franquia é a representação “Daquele Que Caminha Por Trás Das Fileiras” como uma criatura estilo Alien, só que do milho. Aliás, este é um dos poucos filmes com a alcunha Colheita Maldita que pode ser chamado de ‘filme de monstro’, ao lado do terceiro filme da série, Colheita Maldita III: A Colheita Urbana (1995), que também é ruim, só para deixar claro. Mais uma vez aqui, os efeitos visuais são pobres e datados, e a premissa não é interessante o suficiente para sustentar o filme. Caso decida se arriscar assim mesmo, ao menos estoure uma pipoca para acompanhar o tormento. Pelo menos uma coisa envolvendo milho tem que prestar.

Avaliação: 1 de 5.

Colheita Maldita estará disponível para download e VOD no dia 21 de março.

O Trailer Oficial de COLHEITA MALDITA (CHILDREN OF THE CORN) | 2023

4 comentários sobre “Crítica: Colheita Maldita (Children of the Corn) | 2023

  1. Vim ler essa resenha porque baixei o Fugitivos e esse, ontem. Você me desanimou agora dizendo que esse não tem vínculo algum com Fugitivos, que foi o único que achei “mediano” desde o terceiro (que achei meia boca, os posteriores foram realmente descartáveis)… Que chato rsrs

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