Crítica: A Primeira Comunhão (La Niña de la Comunión) | 2022

Com este A Primeira Comunhão (La Niña de la Comunión, ESP, 2022, 103 min.), se confirma o momento ruim do cinema de terror espanhol. A Primeira Comunhão é um despropósito oitentista que tenta emular o cinema de Paco Plaza e não consegue assustar e nem manter um mínimo de interesse. É preciso reconhecer que o cinema de gênero espanhol vive maus momentos. O subgênero dos thrillers neo noir que tanto rendeu ao país nas duas décadas passadas se rendeu ao pastiche onde atores de primeiro nível repetem os mesmos papéis tantas e tantas vezes.

O único estandarte do horror espanhol que quando surge com algum novo filme rompe o panorama é Paco Plaza, diretor de sucessos indiscutíveis como a franquia [REC] e Verónica (2017). Um dos nomes que tenta romper esta tendência é Victor García, diretor nativo de Barcelona que fez um certo nome em terras ianques, com produções duvidosas direto para vídeo como Espelhos do Medo 2 e Hellraiser: Revelations no currículo. Aqui, García volta à Espanha para contar a mesma história de sempre com seu A Primeira Comunhão.

Carla Campra e Ainda Quiñones em A PRIMEIRA COMUNHÃO (LA NIÑA DE LA COMUNIÓN) | 2022

Estamos no final dos anos 80. A Espanha é o país das festas, da música eletrônica e também das drogas. A superproteção dos pais frustra seus filhos, todos desejosos por desfrutar a vida. O ecossistema é complexo, seja pelo resíduo deixado pelo franquismo ou pelo medo do modernismo que a Espanha experimentará no final do século. Em meio à este cenário, uma lenda urbana aterroriza uma pequena cidade. A recém-chegada Sara (Carla Campra), tenta se entrumar com outros jovens, e numa noite, voltando para casa depois de uma balada, Sara e sua melhor amiga, Rebe (Aida Quiñones), encontram uma garotinha segurando uma boneca, vestida para sua primeira comunhão. E é aí que o pesadelo começa.

A Primeira Comunhão, já aviso, não consegue assustar. E digo mais: é um filme desnecessário, que pretende ser uma espécie de Annabelle de terras espanholas, mas que carece de interesse e originalidade. Os personagens e cenários são clichê e evocam constantemente outras produções semelhantes. García e seu filme não conseguem imputar a sensação de estar trazendo algo novo ao gênero, nem em forma e tampouco em conteúdo. Sua premissa é tão gasta que a capacidade do filme de inovar em algo é eliminada logo na primeira cena.

A Espanha do fim dos anos 80 já foi perfeitamente retratada no citado Verónica, e regressar à mesma época com uma produção tão semelhante é um ataque contra o próprio produto. É difícil entender porque não tentaram abordar outra década, tendo-se em conta o pouco que o passado da Espanha já foi explorado no cinema. O filme de García é mal-sucedido inclusive em recriar a década que retrata, pois com exceção de alguns detalhes, A Primeira Comunhão não consegue fazer o espectador mergulhar nesta década tão especial. A alma oitentista simplesmente não está lá.

Porém, A Primeira Comunhão também possui algumas virtudes. O ritmo é correto e em nenhum momento o filme dá sono. Como um mero produto de entretenimento não dá para chamar o filme de fracasso, contudo será preciso que o espectador não exija absolutamente nada além de um simples passatempo. A curta duração do filme ajuda a evitar que o filme seja uma total perda de tempo, e algumas das atuações são corretas (a maioria deixa muito a desejar). Já era sabido que A Primeira Comunhão não seria uma película que iria entrar para a história, mas também não precisava ser algo tão esquecível assim.

Avaliação: 1.5 de 5.

A Primeira Comunhão estreia nos cinemas brasileiros no dia 09 de março.

O Trailer Oficial de A PRIMEIRA COMUNHÃO (LA NIÑA DE LA COMUNIÓN) | 2022

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