Crítica: The Apology (2022)

“Se não é vingança, o que mais você poderia querer?”

Quem me conhece um pouquinho e acompanha minhas postagens nas redes sociais, sabe que minha série preferida de todos os tempos é Breaking Bad. E desde o final da série, há quase dez anos, sempre me perguntei porque a atriz Anna Gunn – que na série interpreta a esposa do protagonista interpretado por Bryan Cranston – praticamente não deu as caras em nenhuma produção de certa expressão com exceção de um pequeno papel no drama Sully: O Herói do Rio Hudson, dirigido por Clint Eastwood em 2016. Gunn sem dúvida é uma atriz sensacional, que entrega uma das melhores atuações de Breaking Bad, e apesar de sua personagem ser odiada por 99% dos fãs da série, não acredito que este seja o motivo por trás do sumiço da atriz.

De qualquer forma, Gunn está de volta como protagonista (e num papel à altura de seu talento) neste The Apology (EUA, 2022, 91 min.), novo suspense de temática natalina do selo Shudder, que utiliza a data como gatilho para esmiuçar as feridas de uma mãe e de uma família arruinada para sempre. Escrito e dirigido pela estreante em longas, Alison Star Locke, o filme conta ainda no elenco com os sempre competentes Linus Roache (Mandy, My Policeman) e Janeane Garofalo (Caindo na Real, Feito Cães e Gatos).

Anna Gunn e Linus Roache em THE APOLOGY (2022)

Em The Apology, vinte anos se passaram desde o desaparecimento de sua filha, e a alcoólatra em recuperação, Darlene Hagen (Gunn), está se preparando para organizar a celebração de Natal de sua família, ao lado de sua melhor amiga, Gretchen (Garofalo). Tarde da noite de véspera de Natal, o distante ex-cunhado de Darlene, Jack (Roache), chega sem aviso, trazendo alguns presentes nostálgicos e um impactante segredo. Não demora para Darlene se encontrar dividida entre a razão e o implacável instinto materno, e presos juntos na casa devido a uma perigosa tempestade de neve, o que começa como um inofensivo jogo de perspicácia e impressões, logo escala para uma violenta jornada de vingança.

Apesar de ser um thriller convencional em todos os aspectos, estrutural, visual e narrativo, The Apology ganha o espectador ao falar a linguagem universal de uma mãe em busca da verdade em torno de sua cria desaparecida. O espectador se identifica de cara com a protagonista, e embarca junto com ela na busca pela verdade, custe o que custar. The Apology é um verdadeiro tour-de-force de Gunn, que vende a premissa com facilidade, agarra o incauto espectador em seus braços e o leva através de uma dolorosa e reveladora noite de Natal, com resultados que se não são imprevisíveis, ao menos são honestos e ressoam forte junto ao público. O elenco de apoio também funciona muito bem, e Garofalo, e especialmente Roache, enriquecem os embates de seus personagens com a sofrida protagonista, propondo uma dinâmica interessante, e em alguns aspectos, surpreendente.

The Apology é um thriller dramático correto, mas também intenso e impactante. A jovem diretora Alison Locke se sai melhor na direção que no roteiro, e o que sua história fica devendo em oferecer algo realmente original, sua direção certeira e sem rodeios cria um palpável clima de tensão crescente, e tira o que há de melhor de seu trio de protagonistas, especialmente de Gunn, dona do filme, em uma performance arrasadora de diferentes maneiras. Quem sabe The Apology não marque um retorno da atriz a papéis mais notórios. Ela com certeza merece.

Avaliação: 3 de 5.

Não há informações sobre um lançamento oficial de The Apology em território brasileiro, mas o filme estará disponível através de plataformas alternativas à partir do dia 16 de dezembro.

O Trailer Oficial de THE APOLOGY (2022)

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