Crítica: Rose: A Love Story (2020)

Estranhamente íntimo em seu tom, e posicionado no fim do espectro do gênero horror, Rose: A Love Story (UK, 2020, 86 min.) está finalmente chegando ao público quase dois anos após sua exibição no BFI London Film Festival, em outubro de 2020. Trata-se de uma impactante estreia em longas da diretora Jennifer Sheridan, que conta a história da personagem-título (Sophie Rundle, a Ada da série Peaky Blinders), que vive isolada do mundo em um chalé no meio da floresta ao lado de seu marido, Sam (Matt Stokoe, que também escreveu o roteiro).

Rose convive com uma misteriosa doença, e Sam cuida dela, sempre insistindo em um rígido regime de regras de segurança. Sob um primeiro olhar, o excesso de cuidado e vigilância de Sam sobre sua frágil esposa parece um tanto excessivo. Porém, aos poucos vai se tornando claro que ela não é a única que precisa de proteção, e quando o casal é forçado a oferecer abrigo a uma estranha ferida, o precário equilíbrio da vida do casal é seriamente abalado.

Sophie Rundle e Matt Stokoe em ROSE: A LOVE STORY (2020)

Rose: A Love Story é o mais recente exemplar de um crescente subgênero que transforma o ato de se cuidar de alguém em um ponto de partida para uma história de terror. Há uma semelhança com o recente Relíquia Macabra (Relic, 2020), mas talvez o parente mais próximo deste Rose seja o excelente Deixe-me Entrar (Let the Right One In, 2008). O filme de Sheridan pode não ter o quociente assustador alto o suficiente para conquistar os fãs mais puristas do horror, mas como um sombrio e atmosférico estudo das disfunções de um relacionamento, o filme se torna intrigante e atraente para os menos exigentes.

Sheridan, que até então tinha créditos como editora e diretora de televisão e curtas, permite a si mesma alguns clichês familiares do horror, como uma tomada aérea segue um veículo solitário em uma estrada que corta uma floresta, e o ruído genérico que indica perigo é onipresente no design de som. Mas onde as habilidades de Sheridan são melhor demonstradas é na forma com que ela captura a quietude afetuosa e a banalidade de um relacionamento que é tudo, menos comum. Rundle e Stokoe (um casal na vida real), possuem uma química natural juntos. O fato de que a rotina diária dos personagens gire em torno de estranhos rituais como Sam colocando sanguessugas em suas coxas e capturando o jantar usando armadilhas e uma espingarda, ou trancando sua esposa em casa toda vez que ele sai, é balanceado pela honesta ternura entre eles.

As intrusões ao meio-ambiente do casal são recebidas de forma chocante. A hostilidade de Sam quando seu usual faz-tudo envia seu sobrinho como substituto parece desproporcional, até que percebemos que apenas um pequeno desvio da rotina normal pode ser fatal. Mas quando Amber (Olive Gray), uma jovem fugitiva, se fere em uma das armadilhas de Sam, ele é forçado a abrigá-la temporariamente no chalé, colocando os três personagens sob risco considerável. Porém, trata-se de um risco articulado principalmente através do design de som da produção, ao invés do gore ao qual estamos habituados no gênero.

De qualquer forma, descrever Rose: A Love Story como um filme de terror, talvez não seja o mais apropriado. O filme, como seu próprio título diz, consiste em uma história de amor. Porém, é um tipo perigoso de amor, que de acordo com Sam, é como “estar preso a um enorme animal, o qual você não fazia ideia que estava vindo em sua direção”.

Avaliação: 2.5 de 5.

Rose: A Love Story não tem informação de título nacional, e será lançado mundialmente nas plataformas digitais no dia 08 de fevereiro.

O Trailer Oficial de ROSE: A LOVE STORY (2020)

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