Crítica: A Avó (La Abuela/The Grandmother) | 2021

O diretor espanhol Paco Plaza é bastante lembrado por seus três filmes da franquia [Rec] (lançados em 2007, 2009 e 2012), os quais ele escreveu e co-dirigiu. Ele continuou a honrar suas habilidades no horror com o hit comercial Veronica (2017), que ficou por alguns dias no primeiro lugar dos mais assistidos da Netflix naquele ano. Agora, com este A Avó (La Abuela/The Grandmother, ESP/FRA, 2021, 100 min.), o diretor pela primeira vez em sua carreira insere sutilezas e um charme a mais neste novo exemplar do gênero, que consiste em um terror altamente efetivo que com certeza irá agradar os fãs do diretor, além de converter novos entusiastas para conhecer seu cinema.

O filme acompanha Susanne (Almudena Amor), que desfruta de um exuberante estilo de vida como uma modelo de publicidade em Paris. Numa noite, bem quando ela está prestes a começar um novo trabalho, ela recebe um telefonema informando que sua avó, Pilar (Vera Valdez), sofreu um derrame cerebral. Susanne é a única parente viva de Pilar, já que seus pais faleceram em um acidente de carro anos antes. Ela volta às pressas para Madri, sua cidade natal, para cuidar da avó, que após o derrame não consegue mais falar e se tornou incapaz de cuidar de si mesma. Susanne a alimenta, a banha e tenta conversar com a idosa, apesar de ter ouvido dos médicos que o estado de Pilar é irreversível. Cuidar de uma pessoa em tal estado não é fácil, e a vida de Susanne vira de ponta-cabeça.

Almudena Amor em A AVÓ (LA ABUELA/THE GRANDMOTHER) | 2021

A figura de Pilar em si é combustível para pesadelos: seu corpo é torto, magro e enrugado. Sua face pode assumir um caráter demoníaco, com seus olhos pretos e olhar vazio, lábios encolhidos e a boca quase sempre aberta como quem grita com toda a força de suas entranhas porém sem produzir som algum. Uma frustrada Susanne em certo momento pergunta, “Você não está mais aí, está?”, e realmente parece que o que restou de Pilar é apenas uma carcaça vazia. Contudo, a velha começa a ser vista andando sozinha (e bem rápido) pela casa à noite, frequentemente aparecendo em lugares bastante inesperados.

Curtos flashbacks e alguns retratos nas paredes sugerem que Pilar teve uma juventude hedonista, e andava tão na moda quanto sua neta. Um dia, Susanne encontra o diário da infância de sua avó, contendo alguns desenhos bastante perturbadores. Uma vizinha, Eva (Karina Kolokolchykova), revela que suas avós eram melhores amigas, e que elas (Eva e Susanne), costumavam brincar juntas quando crianças. Susanne não se lembra de nada disso, e gradualmente, pequenos e estranhos eventos que beiram o paranormal começam a acontecer: Uma porta se fecha misteriosamente, luzes piscam do nada, e a vovó é magicamente transportada de um quanto para o outro. Para completar o quadro, Susanne ainda passa a ter horripilantes pesadelos que eventualmente se transformam em realidade. O que a leva a questionar sua própria saúde mental.

O equilíbrio entre a concepção visual exercida por Plaza e o ritmo da narrativa (graças ao roteiro de Carlos Vermut) é excelente. Os elementos mais comuns do gênero são utilizados aqui com inteligência, ajudando a construir a história de maneira lenta mas segura. A Avó pega emprestado alguns artifícios de outros filmes de temática ao menos semelhante, especialmente do esperto A Chave Mestra (Iain Softley, 2005), porém dadas suas devidas proporções. E tudo culmina em uma conclusão maravilhosamente extravagante, com um fabuloso plot twist que faria M. Night Shyamalan girar 360° na poltrona, e que me fez querer revisitar o filme imediatamente. Se vier a ganhar um futuro lançamento em streaming, A Avó tem tudo para se tornar outro grande (e merecido) sucesso de Plaza e companhia.

Avaliação: 2.5 de 5.

A Avó está disponível no catálogo da HBO Max.

O Trailer Oficial de A AVÓ (LA ABUELA/THE GRANDMOTHER) | 2021

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