Crítica: Curupira: O Demônio da Floresta (2021)

O terror maranhense Curupira: O Demônio da Floresta (Brasil, 2021) nem bem estreou nos cinemas e já está causando polêmica. Há poucos dias, o filme foi atacado nas redes sociais e acusado de (PASMEM!) racismo religioso. De acordo com os detratores do longa, o filme promove uma demonização da cultura indígena e falta de respeito com os povos originários. Já com relação a acusação de que o filme promove o racismo religioso, supostamente o filme transforma uma criatura que é vista como um guardião das florestas, em um monstro com sede de sangue.

Como tudo que é dito por pessoas para as quais a internet nunca deveria ter dado voz em primeiro lugar, tal ideia trata-se de puro nonsense. Mais uma tentativa de indivíduos armagurados, raivosos e desesperados chamarem a atenção e ganharem fama em cima do trabalho de terceiros. Não que fosse necessário, mas o próprio diretor do longa, Erlanes Duarte, declarou que a ideia, obviamente, não era ofender ninguém, mas sim representar a lenda, que é bastante conhecida no Nordeste e Norte do Brasil, sobretudo no Amazonas e Pará, dentro de um contexto sombrio.

CURUPIRA: O DEMÔNIO DA FLORESTA (2021)

E realmente é isso que o filme faz. Esqueça o menino de cabelos vermelhos e pés virados para trás do gibi da Turma da Mônica ou a versão interpretada por Fábio Lago na série da Netflix Cidade Invisível. Em Curupira: O Demônio da Floresta, o personagem é exatamente o que seu título diz: um criatura demoníaca que funciona como elemento narrativo para se falar de natureza e sua preservação. Ainda que tal discurso seja apresentado sob litros e litros de muito sangue.

Apresentado pelo realizadores como o primeiro filme de terror do estado do Maranhão, o longa de Duarte traz uma trama rasteira e direta, onde seis jovens embarcam em um passeio de fim de semana e acabam perdidos em uma floresta, onde começam a ser atormentados e perseguidos pela criatura que dá nome ao filme. Trata-se de uma espécie de Bruxa de Blair do mangue, onde como já diria Chico Science, as coisas vão da lama ao caos num piscar de olhos. Mas ao contrário do seminal filme de 1999 onde os protagonistas se encontravam desamparados, aqui os personagens contam com a ajuda da figura de um caçador, interpretado com segurança pelo veterano Di Ramalho, o único homem capaz de colocar um fim à criatura.

Curupira: O Demônio da Floresta é praticamente um trabalho de guerrilha de Erlanes e companhia, que colocaram as mãos na massa para que o filme pudesse acontecer. Aliás, teria como ser diferente no Brasil? É preciso valorizar trabalhos assim, de cinema feito na raça. O longa não é perfeito, é claro, mas prefiro não me alongar nos problemas do filme e sim no esforço de se fazer cinema de horror em um país onde não existe apoio, e pior, onde de algum buraco sem fundo nos últimos anos, surgiu uma alcateia de detratores que além de não fazer nada de útil, ainda atrapalha a vida de quem faz. E Curupira: O Demônio da Floresta possui qualidades. O elenco é esforçado, o trabalho de câmera é interessante e em algumas passagens, remete aos trabalho do diretor Rodrigo Aragão e até do clássico Evil Dead: A Morte do Demônio. Os efeitos práticos, gore e maquiagem são sem dúvida bem produzidos e utilizados, e a criatura por completo não decepciona.

Apesar de sua concepção que não foge em nada aos padrões do que estamos acostumados a ver dentro do gênero, e ao contrário do que os supostos defensores da moral e bons costumes pregam em seus discursos de boca do lixo, Curupira: O Demônio da Floresta tem sim uma mensagem a ser transmitida. O personagem-título, apesar de monstruoso e homicida, mantém sua essência, sua vocação de protetor das florestas. A criatura se manifesta na resposta furiosa da natureza ao mal que o homem tem causado ao planeta. É a essência predadora do homem tendo o que merece.

Avaliação: 2.5 de 5.

Curupira: O Demônio da Floresta é uma produção da Raça Ruim Filmes e Lengo Studius, uma co-produção Guarnicê Produções e será distribuído pela O2 Play em cinemas selecionados do território brasileiro no dia 28 de outubro.

O Trailer de CURUPIRA: O DEMÔNIO DA FLORESTA (2021)

4 comentários sobre “Crítica: Curupira: O Demônio da Floresta (2021)

  1. Boa tarde amigo, olha muito boa sua abordagem , realista e imparcial, bem sobre o tema a de se considerar que é uma lenda brasileira e como nada mais justo que um brasileiro o faça, bem sobre criticas esquece pois hoje se você sorrir esta ofendendo quem não tem dente!abç

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