Crítica: Maligno (Malignant) | 2021

Cinco anos depois de Invocação do Mal 2 e após uma incursão pelo cinema de super-heróis com seu Aquaman, James Wan está de volta à direção de um exemplar do gênero que ele domina: o horror. Depois de se estabelecer como o grande nome do gênero da atualidade, com franquias do quilate de Jogos Mortais, Sobrenatural e a citada Invocação do Mal no currículo, Wan retorna com este Maligno (Malignant, EUA, 2021, 111 min.), onde brinca com um leque de temas que vão desde visões diabólicas, passando por traumas da infância, e chegando a espíritos malignos que espreitam na escuridão. O novo filme de Wan muitas vezes parece querer afundar em sua própria execução, e em alguns momentos, é nítida a luta do irregular roteiro em manter o espectador ligado o tempo todo na trama. Entretanto, Maligno entrega um terceiro ato que me deixou estupefato, confirmando que Wan permanece como um dos mais consistentes nomes do entretenimento cinematográfico atual.

Annabelle Wallis em MALIGNO (MALIGNANT) | 2021

O início de Maligno é de deixar qualquer um com a cabeça rodando: O filme tem início em um sinistro hospital psiquiátrico, onde uma médica exasperada declara que o tratamento de uma paciente que nunca é mostrada por Wan, não teve resultado. “É hora de arrancar o câncer”, ela diz. No que parece ser algum tempo depois, Madison (a bela Annabelle Wallis, de Annabelle), é uma vítima de seguidos abusos domésticos, sendo que a última agressão a deixa com uma terrível ferida na cabeça. Pouco depois, sua casa é invadida, seu marido agressor é brutalmente assassinado, e Madison é hospitalizada, perdendo o bebê que esperava. Mais um dos vários abortos que sofreu por problemas nas gestações. Ao sair do hospital, Madison começa a ter horripilantes visões, onde testemunha uma série de violentos assassinatos cometidos pela mesma figura sinistra que a atacou em sua casa. Em um dado momento, ela confessa para sua irmã (Maddie Hasson), que um espírito maligno tem se comunicado com ela, e que o mesmo pode estar de alguma forma conectado à memórias reprimidas de sua misteriosa infância.

Há uma infeliz falta de sustos ou tensão em Maligno, ainda que sua atmosfera seja opressiva e relembre os melhores momentos de Wan na franquia Sobrenatural. Visualmente, contudo, Wan mostra-se cada vez mais preparado. O diretor conjura imagens que se perpetuam na cabeça do espectador, muito depois do filme ter acabado, além de elaborar alguns assassinatos cabulosos, dignos dos piores pesadelos das mentes mais doentias. À medida que os sinais do roteiro de Akela Cooper (Parque do Inferno) e Ingrid Bisu apontam para o que parece ser uma conclusão decepcionante e óbvia, até os fãs mais fervorosos de Wan podem ter pensado que o diretor simplesmente perdeu suas habilidades para assustar seu público.

Mas qualquer receio com relação ao talento de Wan para colocar pavor na medula óssea de seus fãs é completamente deixado de lado, uma vez que as cortinas se levantam para revelar a verdade deliciosamente horripilante que se escondia em seu filme. O que se vê no terceiro ato de Maligno é um clímax frenético encharcado de sangue, de ação violenta e ultrajante, propelida por uma revelação de cair o queixo que é tão ridiculamente audaciosa que tem que ser vista para que possam acreditar no que digo.

Pode-se até argumentar que em Maligno, Wan espera demais para revelar suas cartas, e o filme com certeza se beneficiaria de uns 15 minutos a menos em sua laboriosa construção narrativa. Mas a conclusão de Maligno é tão desafiadora e demente, e executada com tanta confiança e compromisso por Wan, que qualquer tédio que tenha vindo anteriormente é rapidamente esquecido.

Avaliação: 3.5 de 5.

Maligno estreia nos cinemas brasileiros no dia 09 de setembro.

O Trailer Oficial de MALIGNO (MALIGNANT) | 2021

6 comentários sobre “Crítica: Maligno (Malignant) | 2021

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